Espiritualidade a partir de Si Mesmo. 
Grun, Anselm e Dufner, Meinrad 
 Por: Alexandro Cardoso

Existem duas correntes na história da espiritualidade, entre outras. Existe uma espiritualidade de cima e uma espiritualidade de baixo. A espiritualidade de baixo significa que Deus não nos fala unicamente através da Bíblia e da Igreja, mas também através de nós mesmos, daquilo que nós pensamos e sentimos, através do nosso corpo, de nossos sonhos, e ainda através de nossas feridas e de nossas supostas fraquezas.


O que vem após a Morte?
A Arte de Viver e de Morrer. 

Por: Alexandro Cardoso

Desde sempre refletimos a respeito da morte e da vida eterna.   O que nós cristãos devemos esperar encontrar após a morte e como podemos supor que seja a vida eterna?  O que nos caberá no fim?
As ideias que fazemos da morte e do que nos está reservado a partir dela determinam nosso modo de lidar com o assunto ao logo da vida. Essas ideias ou nos causam medo ou nos dão confiança e segurança. Integrar a morte à nossa vida nos ajuda a viver de forma mais consciente, livre e atenta, pois somente quando aceitamos esse fato como objetivo, e não como extinção da vida, nos convencemos de nossa existência mortal e dignificamos nossa condição de seres humanos destinados a ressurreição.

Porque ficamos Desolados? 
António Valério, sj 

Um dos temas mais presentes, por vezes persistentes, na experiência dos Exercícios Espirituais, mas também na vida de oração mais comum é a desolação. E, se quisermos, poderemos ainda alargar a experiência da desolação aos sentimentos provocados pelos acontecimentos da vida, que nos apanham mais ou menos desprevenidos, e que fazem com que nos interroguemos: porque é que isto está a acontecer?

OS MISTÉRIOS DA VIDA DE JESUS NAS ESCOLAS DE ESPIRITUALIDADE (4/4) 

MELO, Luís Rocha e, Os mistérios da vida de Jesus nas escolas de espiritualidade
in «Communio», Ano XIX, 2002, n.º 2, 122-137

III. Os Exercícios de Santo Inácio

Herdeiro da Imitação de Cristo e da espiritualidade do tempo, Inácio de Loyola, instruído pelo Espírito Santo e pelo novo humanismo que assimilou, intuiu a síntese pascal. O Cristo, morto e ressuscitado, é o centro da vida. Assim, a passagem pela paixão e pela morte, além da contemplação de todos os outros mistérios da sua vida, é sempre referenciada à ressurreição ao longo de todos os Exercícios. Recorde-se apenas, a título de exemplo, a meditação do "Chamamento do Rei temporal que ajuda a contemplar a vida do Rei Eterno" que introduz a segunda semana dos Exercícios: "Quem quiser vir comigo, há de contentar-se em comer como eu... do mesmo modo, há de trabalhar comigo, durante o dia e vigiar, du-rante a noite, para que, depois, tenha parte comigo na vitória, assim como a teve no trabalho... para que seguindo-me na pena, também me siga na glória.” (EE 93 e 95).
OS MISTÉRIOS DA VIDA DE JESUS NAS ESCOLAS DE ESPIRITUALIDADE (3/4) 


MELO, Luís Rocha e, Os mistérios da vida de Jesus nas escolas de espiritualidade
in «Communio, Ano XIX, 2002, n.º 2, 122-137

II. Os Exercícios Espirituais

A Devotio Moderna tinha os dias contados, apesar do grande contributo espiritual que deu à Igreja de então. O divórcio entre espiritualidade e teologia dogmática foi nefasto para ambas e não podia perdurar. A dimensão afetiva na relação com Deus, que fomentou e divulgou, foi um enriquecimento notável para a espiritualidade em geral mas, sem a correspondente reflexão intelectual que a fundamentasse, podia transformar-se em vela de cera que vai derretendo até se apagar. Foi o que aconteceu.
OS MISTÉRIOS DA VIDA DE JESUS NAS ESCOLAS DE ESPIRITUALIDADE (2/4) 

MELO, Luís Rocha e, Os mistérios da vida de Jesus nas escolas de espiritualidade
in Communio, Ano XIX, 2002, n.º 2, 122-137

I. A imitação de Cristo

Contra um misticismo nominalista que centrava a atenção em especulações complicadas sobre a união com Deus, na Europa do séc. XIII, levanta-se uma corrente espiritual, predominantemente afetiva e bem conhecida, designada por Devotio Moderna, que pretendia a reforma da Igreja e respondia melhor do que outras à crise e às necessidades dos cristãos. "Para que te serve disputar sobre os mistérios da Santíssima Trindade – diz a Imitação de Cristo – se te falta a humildade e, assim, desagradas à mesma Santíssima Trindade? De fato, não são os sublimes discursos que fazem o homem santo e justo; é uma vida virtuosa que torna o homem agradável a Deus. 
Prefiro sentir a compunção a saber defini-la." Gerardo Groote e Tomás de Kempis são nomes que ficaram na história desta época. Pretendiam, como outros que os precederam, uma verdadeira reforma da espiritualidade e dos costumes na Igreja, mas pela via certa: a da Imitação de Cristo, na sua humanidade. "Quem me segue não anda nas trevas." (Jo 8,12) 
OS MISTÉRIOS DA VIDA DE JESUS NAS ESCOLAS DE ESPIRITUALIDADE  (1/4)


MELO, Luís Rocha e, Os mistérios da vida de Jesus nas escolas de espiritualidade
in Communio, Ano XIX, 2002, n.º 2, 122-137

Antes e durante o século XVI

A espiritualidade cristã nunca perdeu a identidade, nem nas fases obscuras da sua história. Componentes que, de forma mais ou menos explicitada, sempre animaram o itinerário espiritual da Igreja e de cada um dos seus membros e definiram, de alguma maneira, essa mesma identidade são estas, entre outras: o cristão é alguém que está em Cristo (ICor 1, 30; Rm 8,1; G1 3,28) e reproduz a sua forma (a forma Christi: Rm 8,29) por ação do Espírito Santo (Rm 8,14-17); é alguém que nasce de novo pela água e pelo Espírito (Jo 3,5), se torna filho de Deus (Jo 1,12; Rm 8,14) e é nova criatura (2Cor 5,17; G1 6,15), imagem e semelhança do Criador.